segunda-feira, 23 de junho de 2008

My Possible Pasts

Daqui eu olho para trás e vejo tudo que poderia ter sido. Cada pequena coisa que poderia ter acontecido, cada pedaço de passado abandonado em algum ponto da estrada. Também vejo as outras pessoas, outras pessoas que roubaram os meus passados, aqueles mesmos passados abandonados na estrada. Quando eu os vejo, assim tão completos e tão realizados na posse de outro, eu sinto raiva, sinto inveja, sinto fracasso. Aquele passado era meu, foi meu e poderia ser meu. Eu vejo meus passados realizados em outras pessoas e me pergunto se ainda posso usá-lo, recuperá-lo, comprá-lo, nem que seja incompleto e imaturo, um passado recém-nascido. No mesmo momento eu descubro a resposta, sempre soube a resposta, ele deixou de ser meu naquele momento em que o descartei, que o deixei sozinho em um lugar qualquer, para qualquer um que quisesse pegá-lo. Daqui eu me pergunto se eu roubo os passados dos outros, se também pego um passado qualquer abandonado exatamente no lugar que estou. Também me pergunto por que não descartamos o futuro ele é tão parecido com o passado. Dizem que o futuro está a nossa frente e o passado em nossas costas. Se eu virar de lado o futuro e passado viram comigo ou eu passo a encarar o passado?! Pergunta idiota, nunca ninguém vai respondê-la então é inútil questionar. De volta ao passado. Eu costumo modificar meu passado, cada que vez que faço isso eu me altero no presente, me transformo em alguém diferente, um atleta olímpico, um médico, um artista, um corredor de Fórmula 1. Todos esses presentes são filhos natimortos de um passado abandonado. Eu tenho minha lista de passados preferidos, são 12, estão alinhados em uma prateleira de nuvem, com três níveis, da direita para esquerda de cima para baixo por ordem de idade. Cada passado dessa prateleira tem uma prateleira para os passados possíveis que ele criaria se não fosse abandonado. Essas prateleiras estão em um quarto com 13 paredes d’água. E eu parei por aí se não criaria um ciclo infinito, mas principalmente porque é muito difícil criar passados. Eles não se importam mais comigo desde que eu os deixei em pedaços e envelhecidos pelas estradas. Me arrependo muito quando eu vejo tudo o que eles poderiam virar, mas eles serão para sempre apenas, e cada vez mais, passados possíveis.