segunda-feira, 17 de agosto de 2009

There’s no life without destruction

Eu lembro que quando entrei na faculdade um professor arrogante e egocêntrico disse que estava ali para destruir todos os castelos de areias que nossas mentes incultas e bárbaras construíram em nossos anos submissos ao senso comum. Inútil dizer que todos cederam diante dois semestres de prolixos ataques verborrágicos. Muitos defendidos por inúteis cruzadas cristãs. O problema que essas frágeis estruturas mentais reconstruem-se incessantemente ao menor contato com quaisquer verdades defenestradas por qualquer autor de livro de auto-ajuda. E são novamente implodidas por conhecimentos acadêmicos iluminados. Ao fim deste período em que parecíamos crianças brincando com lego, desenvolvi a mania destrutiva, caótica, sado-masoquista e orgástica de ver castelos desfazendo-se em cacos. Particulares, públicos, próprios, de terceiros, nada importava, desde que pudesse chegar ao clímax limitado e breve e de ver em grãos tais estruturas. Essa mania foi só mais uma ilusão de que eu poderia ser quem quisesse, e eventualmente converteu-se em uma das mentiras mais elaboradas de meu ID. Mas, isso ou fugir para o mundo fantasioso e perfeito da embriaguez química. Até que um dia ou outra algo acontece e construímos um castelo um pouco mais firme e que não seja fundamentado pelo sacrossanto conhecimento acadêmico. Pode ser qualquer porcaria ou qualquer pedaço de diamante. A morte de alguém, a conversa com alguém no ônibus, um insight depois de chutado uma pedra ou alguém. Poderia inventar uma quantidade infinda de mentiras e criar causas para mais uma estrutura que eventualmente irá desabar. Ou sumir tão completamente que sua ausência anule todas as possibilidades de construir algo. Mas devaneios terminam sempre em catastróficos acidentes aéreos nos quais não existem possibilidades de sobrevivência.

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