sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Fake Feelings

“Ando tão à flor da pele. Qualquer beijo de novela me faz chorar”. Em média um adulto ri de dez a vinte vezes por dia, entenda que riso é uma resposta visual e sonora a estímulos variados, uma criança por sua vez, ri, em média, vinte vezes mais. É de fato uma informação inútil, adquirida em alguma situação inútil, utilizada em um texto inútil, assim como milhões de outras que avidamente perseguimos, mas isso não importa agora. A intenção é levantar uma crítica (ou simplesmente mostrar como somos imbecis). Todo mundo vai ao cinema, todo mundo ouve música, nem todo mundo vai ao teatro, nem todo mundo lê um livro. No geral, se alguém está de fato concentrado em alguma dessas atividades, várias coisas não passam por suas cabeças, sempre estamos estupidamente distraídos ou estupidamente concentrados. Entretanto, recentemente, por vários motivos complexos e insignificantes, essas atividades perderam um pouco desse poder hipnótico e algo diferente de “o que acontecerá depois disso?” perpassa meus pensamentos (óbvio que, constantemente, isso não é lá algo muito difícil de prever). Alguns detalhes tragicômicos das atividades apresentadas escorreram dos meus olhos, ou explodiram boca a fora, invadiram meus ouvidos ou ficaram presas em minha garganta. O que me fez reparar, o quão estamos susceptíveis aos sentimentos demonstrados, principalmente, por filmes. É óbvio, mas nem por isso deixa de ser surpreendente, como se ouve tantas risadas em filmes de comédia; choros, fungadas, tosses fingidas, em dramas, etc, etc... “Claro, seu idiota é a intenção!” É claro que é a intenção, essa é a parte óbvia, a parte surpreendente é que, se ouvem mais risadas, vemos mais choros durante um filme, do que em situações reais e normais. Nas quais risadas e choros, não só, são possíveis como esperadas. Neste ponto resgato a informação inútil apresentada no início, ao que parece crianças não dependem, em nada, de estímulos falsos e forçados para demonstrar seus sentimentos, pelo menos não, quando estão relacionados ao riso. Desses detalhes brotou uma questão, por que somos tão dependentes de estímulos falsos? É mais fácil em alguém ser sincero dentro de uma sala de cinema, do que na vida real. Estamos confortavelmente entorpecidos, que só conseguimos responder a estímulos quando eles gritam, berram, esperneiam em nossas retinas e ouvidos e mesmo assim, só depois de termos ficado ainda mais anestesiados. E o pior ainda, esses estímulos são tão ridículos e clichês que é, absurdamente, surpreendente que ainda funcionem e sempre funcionam . . .

10 comentários:

Leon disse...

Coincidentemente acabei de falar disso no facebook. "A maior parte dos indivíduos só quer e pensa o que as pessoas que os rodeia querem e pensam; eles acreditam, sem dúvida, querer e pensar por si próprios, mas só fazem reaparecer servilmente, rotineiramente, com modificações quase imperceptíveis ou nulas, os pensamentos e as vontades dos outros." Somos movidos a maior parte do tempo pelos estimulos dos outros. E o mais forte deles, sem dúvida, vem das mídias. Por estas e outras que se destacam os autênticos, raros, mas não extintos. Fake plastic society!

T.B. disse...

xDD boa!!!!

Anônimo disse...

Oi!
A Nathália (Viçosa) me passou seu blog e gostei bastante de seus textos! O Blog da Nath também é muito bacana. Pena que esse espaço aqui é pequeno para boas conversas.

Abraço,

Cecília.

T.B. disse...

acho que deve ser proposital pra obrigar as pessoas a conversarem de verdade XDD, em vez de limitadas a 140 caracteres....(nem sei se isso aki tem limite) xDDD
sim sim, ela me passou o link do blog dela, eh bem legal msm!
brigado, e que bom que gostou!!!
abracos

Anônimo disse...

É...deveria fazer com que as pessoas conversassem de verdade mesmo, mas nem sempre acontece, acho. Por exemplo, são poquíssimos blogs que conheço (apesar de conhecer poucos...) que não falam da pessoa que escreve e seu cotidiano, sabe, como se fosse um diário aberto. Daí, não dá espaço para diálogos, e sim algo do tipo 'pô, legal', quando há comentários.rs.
A propósito, acabei curiosa de ler 'a lua vem da ásia', pois li o início dele num dos seus textos. Daí, que gostei bastante e a gente vai repassando informação..rs; outras pessoas já leram também! Taí algo bacana, coisas boas são repassadas através disso. :)
(acho que aqui deu mais de 140 caracteres...rs.)

Abraço,
Cecília.

T.B. disse...

140 caracteres e so no twitter msm, A lua vem da ásia eh mto bom xDD, MTO bom, principalmente a primeira parte x

Ení Lorca disse...

na vida real as pessoas ficam sem ação e internalizam. Estímulos falsos são mais leves e fáceis de extravasar... só uma das mil possibilidades...

Anônimo disse...

Pois é! Eu também gostei muito da primeira parte e também da carta final!
Você já leu alguma coisa do Andre Gide? Não que tenha algo a ver com 'a lua vem da ásia', rsrs, mas é que descobri esse escritor uns meses atrás, e é muito bom!

Cecília.

T.B. disse...

eu nem conheço.... é bom?

Anônimo disse...

Vou te mandar um trecho para ver se você fica com vontade: "Não senti mais falta de uma certeza desde que adquiri esta: o espírito do homem não pode ter nenhuma. Isto reconhecido, que resta fazer? Criar uma certeza ou aceitar certezas fictícias esforçando-se por não as considerar mentirosas?... Ou aprender a dispensá-las? Foi neste sentido que trabalhei de todo o coração. Não admitia que essa desmama devesse levar o homem ao desespero." - 'Os novos frutos', A. Gide.

Outro: "'Que pode um homem ainda?'Eis o que me importava saber. O que o homem disse até agora é tudo o que ele poderia dizer? Não teria ignorado qualquer coisa de si mesmo? Não lhe resta senão repetir?...E cada dia aumentava em mim o sentimento confuso de riquezas intactas, que cobriam, escondiam, abafavam as culturas, as decências, as morais." 'O imoralista'

Mas, e aí, não vai escrever coisas novas aqui não? :) me add no msn pra gente trocar ideia: cecyfcastro@hotmail.com

Abraço!
Cecília.